O Governo do Estado trabalha com a ideia de interiorizar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O cenário atual observado é que quase todos os grandes investimentos privados são destinados para distritos industriais das cidades que compõem a região metropolitana de Natal. "O novo governo aposta no crescimento regional, como forma de fortalecimento do parque industrial do Estado", destaca a governadora Rosalba Ciarline, durante discurso na Associação Comercial e Industrial de Mossoró (ACIM), sexta-feira, 25.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, disse que recebeu a secretaria no início de 2011 com uma missão bem definida: gerar empregos no interior do Rio Grande do Norte. Para cada região, existe uma proposta bem definida de desenvolvimento. Na região Seridó, por exemplo, o Governo aposta na indústria de tecelagens. Existem vários outros segmentos também atuando na região Seridó, mas o principal destaque são as famosas fábricas de redes e bonés.
No Vale do Açu, além da produção de sal, camarão e petróleo, existe também a produção de ferro, calcário e outros tipos de minérios. Mas a região tem outra proposta ainda mais audaciosa e vantajosa não só para o Vale do Açu, mas para todas as cidades das regiões próximas até outros Estados. Trata-se da Zona de Processamento e Exportação, que teve como relatora a então senadora Rosalba Ciarlini. "A área já foi desapropriada pelo prefeito Ivan Junior e a parte burocrática está praticante pronta para começar os investimentos", destaca a governadora.
A ZPE do Sertão, como ficou conhecida, trata-se de uma área reservada com incentivos fiscais estaduais e federais e facilitações de alfandegárias. O idealizador do projeto, o investidor inglês Brian B. Tipler, disse que, para implantar o projeto em sua plenitude, será preciso fazer um investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão. Metade desses recursos, conforme Brian Tipler, será para instalar uma ferrovia ligando o Vale do Açu à Transnordestina na cidade de Quixadá (CE).
Tipler fala também que será preciso fazer um investimento de R$ 25 milhões num sistema de comunicação própria, além de outros R$ 30 milhões para instalar um parque eólico e uma linha de transmissão, para se ter uma energia mais em conta. Para instalar a estrutura física da ZPE do Sertão, Tipler prevê um investimento aproximado de R$ 20 milhões. Esses recursos preveem a construção de muros, guaritas, ruas, administração, entre outros órgãos dentro da estrutura. Para o investidor inglês, o Brasil é o país da vez, diante do que está acontecendo na China, nos Estados Unidos, no Oriente Médio. "Só precisamos dar o mecanismo de desburocratização legal para esse desenvolvimento acontecer de forma sustentável, ambientalmente correto", destaca Tipler.
Para a região de Mossoró, existem vários programas que facilitam a instalação de novas indústrias no Parque Industrial nas margens da BR 304, saída para Fortaleza (CE). No local, já tem o Café Santa Clara, a Aficel, a Porcelanato (Itagres), entre várias outras empresas menores. E os investimentos tendem a continuar. Para os próximos anos, está prevista a instalação de uma fábrica de cimento de grande porte perto da BR 110, trecho Mossoró/Areia Branca. A informação foi confirmada sexta-feira pelo presidente da Acim, Nilson Brasil.
Além desses investimentos em Mossoró, cidades próximas também têm previsão de grandes investimentos. É o caso de Baraúna, que tem 23 mil habitantes e mais de 70% da população atualmente sobrevive da agricultura irrigada. Porém, com os investimentos (R$ 872 milhões) que estão sendo feitos atualmente na extração e beneficiamento de calcário na fabricação de cimento e cal, caminha para se transformar num grande polo de desenvolvimento, com a atração de outras pequenas empresas para atuar na região em segmentos secundários.
Para o Alto Oeste, o Governo do Estado informa que está estudando fórmulas de atrair empresas. Em Apodi, destacam-se a fabricação de refrigerante e a distribuição de água mineral. Para a região serrana, a meta do governo é incrementar políticas de desenvolvimento do turismo serrano. Para Pau dos Ferros, os investimentos feitos em educação, a exemplo de Mossoró, estão melhorando o quadro econômico da cidade, que ainda é carente de serviços de saúde de alta complexidade, o problema que o Governo do Estado garante que está buscando soluções definitivas para os próximos dois ou três anos.