A escassez de chuvas já compromete pelo menos 70% das
produções da cultura do caju no Rio Grande do Norte. Na região de Serra
do Mel, maior produtor do Estado, a estiagem afetará uma média de 30 mil
hectares de cajueiros, praticamente neutralizando a indústria da
amêndoa de castanha. Além disso, a falta de safra atingirá milhares de
trabalhadores braçais que dependem desse serviço nos períodos de agosto a
dezembro, quando acontece a safra do caju.
De acordo com a FETARN, como não houve inverno regular, não existirá
floração dos cajueiros. Sem chuva é possível que muitas árvores venham a
morrer, ampliando ainda mais o prejuízo dos fazendeiros. Segundo o
coordenador da entidade, Manoel Cândido, esse problema afeta ainda o
projeto de revitalização da cajucultura no Estado, que vem sendo feita
aos poucos pelos próprios produtores.
A diminuição da oferta de castanha acabará fechando as minifábricas
de beneficiamento do produto que não possuírem estoque e obrigará os
grandes produtores a importarem castanha de outros países. Estima-se que
as empresas tenham que importar, até setembro, em torno de 100 mil
toneladas da África Pior que a castanha está a situação do mel. De
acordo com a Cooperativa de Apicultura do Rio Grande do Norte (COOPAPI),
a perda deste ano já chega a 80% e pode piorar se não chover entre os
meses de maio e junho, para segurar uma floração secundária. Por todo o
sertão, as abelhas estão debandando, comprometendo qualquer colheita
futura.
A Cooperativa esperava uma safra de 200 toneladas de mel para este
ano, mas até agora só entregaram 35 toneladas do produto. Segundo o
tesoureiro Ismael da Costa, 215 famílias ficarão sem a renda do mel.
“Nossa alternativa agora é trabalhar com os produtos da agricultura
irrigada para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que
atende a poucas famílias”, finaliza.