terça-feira, 14 de agosto de 2012

Produção de mel no Rio Grande do Norte deve cair 90%

O Rio Grande do Norte, que até o ano passado figurava em quarto lugar em produção de mel de abelha brasileira, tem a produção diretamente afetada pela estiagem deste ano que deve influenciar na queda do ranking.

O volume de produção que alcançava 1,5 milhão de toneladas deve sofrer uma redução da ordem de 90%. A estimativa é de que a produção não ultrapasse as 130 mil toneladas, e oscile entre as seis primeiras colocações. A estimativa parte do Sebrae, que acompanha a cadeia produtiva do Rio Grande do Norte a partir do desenvolvimento de diversos programas.

Em 29 anos ligados à apicultura, o produtor José Hélio Morais, integrante da Associação de Apicultores de Serra do Mel (Apismel), ainda não assimilou a situação que convive atualmente. Acostumado a colher uma média de oito toneladas de mel por ano, o apicultor estima que, em 2012, a produção não chegará a um só quilo do produto.

"Nunca tinha passado por uma situação dessas. A chuva na região de Serra do Mel não passou de 60 milímetros, quando bom para a apicultura é pelo menos 200 milímetros. O resultado é que não vou tirar nem sequer um quilo de mel neste ano", lamenta.

A falta de chuva quebra o círculo que impulsiona o processo produtivo do mel. Sem água, as floradas não acontecem, e falta alimento para as abelhas, que abandonam as colmeias em busca de novas fontes ou até mesmo morrem. O apicultor José Arimateia, da Associação Cerro-coraense de Apicultores, compartilha da mesma angústia que enfrenta o produtor do município de Serra do Mel. Das 60 colmeias que possuía, restam apenas oito.

"Infelizmente estamos enfrentando esta situação. Sem água, não tem abelha, e a produção fica prejudicada. Estou com apenas oito colmeias povoadas, e não sei até quando elas vão continuar", enfatiza.

Para evitar que as abelhas abandonem as últimas colmeias, o Sebrae no Rio Grande do Norte, por meio do Setorial de Apicultura, está desenvolvendo uma capacitação que trata da alimentação artificial dos insetos. O trabalho consiste em alimentar as abelhas com uma mistura produzida à base de açúcar, água e vitaminas.

"Este trabalho é mais uma ação, mais uma tentativa para evitar prejuízos ainda maiores à apicultura potiguar. Vamos chegar a todas as regiões produtoras, oferecendo uma ferramenta viável para que as abelhas permaneçam nas colmeias até o próximo período chuvoso", detalha o gestor de Apicultura do Sebrae-RN, Lecy Gadelha. A capacitação já está sendo aplicada junto aos apicultores da Região do Mato Grande. Nos próximos dias chegará às regiões Oeste e Alto Oeste do Estado. 

Fonte: Omossoroense